sábado, 15 de dezembro de 2012

Entrevista - Terapeuta da Fala: Parte 1

     Depois da entrevista que vos deixámos com a mãe de L., queremos agora apresentar o testemunho da Terapeuta da Fala que acompanha esta mesma criança.

1 - Como se processa uma intervenção num quadro de gaguez? Quais são os principais objetivos terapêuticos quando estamos perante um diagnóstico de gaguez nesta idade?
Tudo depende da pessoa que temos à nossa frente. A gaguez está longe de ter manuais pelos quais nos podemos guiar. Em primeiro lugar temos que perceber quais são os objetivos para aquela criança que serão discutidos entre o terapeuta e os pais da criança. Muitas vezes é necessário adequar as expectativas dos pais, que na sua maioria estão relacionadas com a “cura”. Assim, é fundamental fornecer conhecimento fidedigno aos pais acerca da gaguez e orientá-los em relação a uma adequada interação com a criança. Existe com grande frequência pais que adotam estratégias como: “fala mais devagar”, “não faças isso”, “ respira fundo…”, entre outras. Existem ainda várias abordagens pelas quais nos podemos guiar. Existe um programa específico para as crianças: o “Lidcomb program” - que tem grande evidência científica, ainda assim este método é contestado por vários terapeutas da fala, por várias razões. A abordagem, inicialmente criada por Van Riper: Stuttering Modification também pode ser facilmente adaptada e utilizada com crianças, principalmente nas etapas terapêuticas que ele propõe.
Mais uma vez ressalto que não existem “receitas” na intervenção com a gaguez, por isso o mais importante é conhecermos a pessoa que está à nossa frente e escolher a ou as abordagens que melhor se aplicam ao caso em particular.

2 - Há quanto tempo está com a L. em intervenção? Como tem sido a sua evolução durante este tempo?
A criança foi sinalizada através de uma checklist que deteta dificuldades no âmbito da terapia da fala. Foi realizada uma anamnese à mãe e foram dadas orientações. A partir daí tenho mantido contato com a mãe, de forma a perceber as alterações que ocorrem na fluência da criança. Desde aí a criança tem passado por fases mais fluentes e menos fluentes. Gagueja exclusivamente com os pais. Têm sido dadas algumas orientações aos pais neste sentido. Nas últimas duas semanas a mãe referiu que a criança “estava numa fase boa” .

3 – Neste caso específico quais são as principais técnicas que utilizam na intervenção direta?
Ainda não foi feito nenhuma sessão de intervenção direta com a criança, no entanto penso que caso ocorra essa necessidade, as sessões iniciais terão que incidir sobretudo na dessensibilização para a gaguez e devem ter a presença dos pais, uma vez que é com estes que a criança gagueja mais. A criança deverá compreender que tem “permissão” para gaguejar junto dos pais e que estes não a vão “punir” de nenhuma forma por isso. Ao perceber isto a criança vai diminuir o medo que tem de gaguejar em frente dos pais e automaticamente vai diminuir as disfluências no seu discurso.

4 - Como é realizada a intervenção indireta neste caso? Quais são os principais intervenientes deste processo e de que forma é que intervém junto deles?
Neste caso os principais intervenientes são a educadora e os pais. A educadora foi importante sobretudo para fornecer algumas informações, mas não foram dadas quaisquer estratégias, uma vez que a criança não gagueja na escola. Foram dadas estratégias aos pais relacionadas com o tipo de comportamento a ter perante momentos de gaguez.

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