1 - Como
se processa uma intervenção num quadro de gaguez? Quais são os principais objetivos terapêuticos
quando estamos perante um diagnóstico de gaguez nesta idade?
Tudo depende da pessoa que temos à nossa frente.
A gaguez está longe de ter manuais pelos quais nos podemos guiar. Em primeiro
lugar temos que perceber quais são os objetivos para aquela criança que serão
discutidos entre o terapeuta e os pais da criança. Muitas vezes é necessário
adequar as expectativas dos pais, que na sua maioria estão relacionadas com a
“cura”. Assim, é fundamental fornecer conhecimento fidedigno aos pais acerca da
gaguez e orientá-los em relação a uma adequada interação com a criança. Existe
com grande frequência pais que adotam estratégias como: “fala mais devagar”,
“não faças isso”, “ respira fundo…”, entre outras. Existem ainda várias
abordagens pelas quais nos podemos guiar. Existe um programa específico para as
crianças: o “Lidcomb program” - que tem grande evidência científica, ainda
assim este método é contestado por vários terapeutas da fala, por várias
razões. A abordagem, inicialmente criada por Van Riper: Stuttering Modification
também pode ser facilmente adaptada e utilizada com crianças, principalmente
nas etapas terapêuticas que ele propõe.
Mais uma vez ressalto que não existem “receitas”
na intervenção com a gaguez, por isso o mais importante é conhecermos a pessoa
que está à nossa frente e escolher a ou as abordagens que melhor se aplicam ao
caso em particular.
2 - Há quanto tempo está com a L. em
intervenção? Como tem sido a sua evolução durante este tempo?
A criança foi sinalizada através de uma checklist
que deteta dificuldades no âmbito da terapia da fala. Foi realizada uma
anamnese à mãe e foram dadas orientações. A partir daí tenho mantido contato
com a mãe, de forma a perceber as alterações que ocorrem na fluência da criança.
Desde aí a criança tem passado por fases mais fluentes e menos fluentes.
Gagueja exclusivamente com os pais. Têm sido dadas algumas orientações aos pais
neste sentido. Nas últimas duas semanas a mãe referiu que a criança “estava
numa fase boa” .
3 – Neste caso
específico quais são as principais técnicas que utilizam na intervenção direta?
Ainda não foi feito nenhuma sessão de intervenção direta com a
criança, no entanto penso que caso ocorra essa necessidade, as sessões iniciais
terão que incidir sobretudo na dessensibilização para a gaguez e devem ter a
presença dos pais, uma vez que é com estes que a criança gagueja mais. A
criança deverá compreender que tem “permissão” para gaguejar junto dos pais e
que estes não a vão “punir” de nenhuma forma por isso. Ao perceber isto a
criança vai diminuir o medo que tem de gaguejar em frente dos pais e
automaticamente vai diminuir as disfluências no seu discurso.
4 - Como é realizada a intervenção indireta
neste caso? Quais são os principais intervenientes deste processo e de que forma é
que intervém junto deles?
Neste caso os principais intervenientes são a
educadora e os pais. A educadora foi importante sobretudo para fornecer algumas
informações, mas não foram dadas quaisquer estratégias, uma vez que a criança
não gagueja na escola. Foram dadas estratégias aos pais relacionadas com o tipo
de comportamento a ter perante momentos de gaguez.
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